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Temor: Auxílio Brasil é aposta incerta para eleições

 

Os malfeitos de Bolsonaro são tantos e tão diversos que há um grande temor de que o Auxílio Brasil não o beneficie em 2022.

Parlamentares se dividem sobre o impacto que o programa social, com valor mais robusto, terá nos planos de recondução de Bolsonaro, informa o Correio Braziliense.

O governo começou a pagar, ontem, o Auxílio Brasil de R$ 400, que beneficiará 14,5 milhões de famílias, antes atendidas pelo extinto Bolsa Família. O programa de transferência de renda é a aposta do presidente Jair Bolsonaro para tentar manter vivo o seu plano de reeleição.

Desidratado nas pesquisas de intenção de voto, especialmente devido à grave crise econômica que impacta o país — refletida, principalmente, nos quase 14 milhões de desempregados e na inflação em 10,74% —, Bolsonaro busca no programa social uma cartada fundamental para recuperar a popularidade. Em 2006, por exemplo, o Bolsa Família foi determinante para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Parlamentares se dividem sobre o impacto eleitoral que o Auxílio Brasil mais robusto terá para 

 Bolsonaro. O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) entende que a população não vai receber bem a redução dos R$ 600 pagos no auxílio emergencial para os R$ 400 do programa social. Ele disse não enxergar um bom cenário para o governo.

"Acho que a população não vai receber bem a diminuição de R$ 600 para R$ 400. Além disso, a inflação e os juros vão derreter muito o valor de compra, principalmente dos mais pobres", afirmou.

O relator, na Câmara, da medida provisória que criou o Auxílio Brasil, Marcelo Aro (PP-MG), explicou que o acréscimo mensal colocado no programa é 100% superior ao que era pago no Bolsa Família. Por isso, vai manter-se valorizado até o fim de 2023.

"Com a mudança este ano, está saindo de um tíquete médio de R$ 189, do Bolsa Família, para no mínimo R$ 400 no Auxílio Brasil, mais do que dobrando esse benefício", afirmou. "Obviamente, este ano (2022) está resolvido, o ganho gigantesco. De fato, como no projeto não foi indexada a inflação, então, no final de 2023, eles vão ganhar o mesmo valor que estarão recebendo em 2022. Durante o tempo, a tendência é de a inflação ir comendo esse valor de compra, caso o governo não decida fazer o reajuste inflacionário, e ele pode fazer."

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) entende que o benefício a ser pago é significativo, mas que perderá valor de compra ao longo de 2022. Ele afirmou que o aumento de preços dos alimentos é maior do que os mais de 10% registrados pela inflação. "Acho que o impacto da inflação nos 12 meses, na faixa de 10%, já demonstra que esse 2022 vai ser maior do que isso. Então, quem for receber os R$ 400, na verdade, estará recebendo R$ 360. Esse impacto acaba sendo muito próximo da metade do auxílio emergencial", destacou. "Acho que eles (governo) esperavam um impacto maior do que realmente vai ser para o processo eleitoral."

Professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercados e Capitais (Ibmec), William Baghdassarian disse haver melhorias na comparação do Auxílio Brasil com o Bolsa Família, como no próprio aumento financeiro. "Tende a causar um impacto forte ano que vem. Eu só não sei se isso é capaz de reverter tendências eleitorais", frisou. "Nós teremos um balanço entre esses benefícios sociais que foram concedidos pelo governo, que podem trazer uma percepção positiva, contra uma percepção negativa por conta dessa inflação. Ainda que o governo dê dinheiro, a capacidade de consumo é muito menor. Temos de nos lembrar que, junto disso, há o desemprego."

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