O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin deve se desfiliar nos próximos dias do PSDB, mas ainda enfrenta um dilema que tem adiado a decisão sobre o que fará em 2022, informa Malu Gaspar, de O Globo.
A pelo menos seis lideranças partidárias que o procuraram nas últimas semanas, o quase ex-tucano demonstrou ter sido "conquistado" para o projeto de ser vice de Lula e, nas palavras de um deles, "voltar a ter protagonismo nacional".
"Ele já comprou essa ideia e já sonha com a vice", disse o líder de um partido à direita que negociou com Alckmin uma possível filiação.
Por mais paradoxal que possa parecer, Alckmin acha que a alternativa de ser candidato ao governo do estado pode ser mais arriscada.
Mesmo estando na liderança nas pesquisas, com 26% das intenções de voto no último levantamento do Datafolha, o ex-governador conhece o poder da máquina administrativa em São Paulo e teme não poder contar com o apoio nem de alguns aliados tradicionais na disputa com o atual vice-governador, Rodrigo Garcia.
Em cenários sem Alckmin na disputa, Garcia está na lanterna, com 5% das intenções de voto, mas é consenso no meio político paulista que sua candidatura deve crescer quando a campanha começar, impulsionado por João Doria e pelas entregas de obras e de verbas do governo no ano eleitoral.
Para Alckmin, portanto, seria pior amargar uma derrota no próprio estado do que entrar numa campanha ao lado de Lula, que está na frente nas pesquisas para a presidência da República.
Seus aliados, porém, estão pressionando por uma definição rápida, alegando que a sua indecisão desmobiliza prefeitos e deputados de sua base e abre espaço para os adversários.
Daí a anunciar sua decisão agora, porém, ainda vai uma distância para Alckmin. Isso porque faltam quatro meses para o fim do prazo de registro das chapas. Até lá, o ex-governador ainda precisa superar alguns obstáculos.
Um deles é a resistência ao seu nome em alguns grupos do PT, que o consideram um "representante do neoliberalismo", com legado negativo para o partido no estado.
No PSB, os caciques querem impor ao PT várias condições para filiá-lo. A principal delas o PT não aceita: que o partido abra mão da candidatura de Fernando Haddad para o governo de São Paulo em favor de Márcio França.
Ele tem ainda o convite do Solidariedade, dirigido pelo deputado federal Paulinho da Força. E se terminar decidindo se candidatar ao governo do estado - o que no momento é pouco provável – ele ainda pode se filiar ao PSD, onde o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro Gilberto Kassab deixou as portas abertas
Na semana passada, Lula defendeu a aliança com Alckmin numa reunião com sindicalistas que participaram do Congresso da Força Sindical, usando o discurso que vem repetindo aos para dobrar a resistência dos petistas.
O ex-presidente citou como exemplo a paz selada entre duas lideranças que passaram os anos 1990 disputando o comando da Força Sindical, João Carlos Juruna e Luiz Medeiros, numa tentativa de demonstrar que é possível superar diferenças com Alckmin.
Quem ouviu interpretou a fala como sinal de que Lula deseja Alckmin na vice e trabalha para que a aliança dê certo, aproveitando todas as oportunidades para vencer as resistências da esquerda, porque acha que sem um aceno à direita não se vencerá a eleição.
No próximo domingo, Lula e Alckmin estarão juntos num jantar em São Paulo.
Mas por enquanto ainda são poucos os aliados de ambos que apostam num anúncio mais concreto nos próximos dias.
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