Desde 2019, o chefe do gabinete pessoal do presidente Jair Bolsonaro (PL), Célio Faria Júnior, e sua mulher, a economista Vanessa Lima, tiveram crescimento patrimonial e financeiro com a chegada de Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Além dos cargos na Presidência, o casal também conseguiu obter três postos como conselheiros em empresas públicas, o que permite receber valores acima do teto do funcionalismo, hoje fixado em R$ 39 mil mensais, informa o Uol.
A renda mensal dos dois era de cerca de R$ 40 mil mensais até o início do governo Bolsonaro. Hoje chega a R$ 76 mil por mês. Em março deste ano, o casal adquiriu um terreno no Lago Sul em Brasília no valor de R$ 2,15 milhões.
Localizado em casa, no meio da tarde de segunda-feira (20), Faria Júnior disse ao UOL que, com os trabalhos feitos no governo Bolsonaro, suas responsabilidades aumentaram, assim como seus ganhos. "Depois que eu entrei no governo, eu assumi um cargo mais alto, um cargo de natureza especial", disse.
"Sou chefe de gabinete e recebi um [cargo num] conselho de uma empresa que paga um salário um pouco melhor, com mais responsabilidades", afirmou ao UOL Faria Júnior.
A Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto não prestou esclarecimentos ao UOL.
Integrante do núcleo próximo a Bolsonaro
Faria Júnior é economista, especialista em gestão pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e servidor público vindo da Marinha. Ele participou da transição no fim de 2018 e chegou ao Palácio do Planalto em 2019. O primeiro cargo dele foi como chefe dos assessores especiais de Jair Bolsonaro. No fim do ano passado, foi promovido a chefe do gabinete pessoal do presidente. O salário, para este cargo, é de R$ 22.500 brutos.
Pouco depois que Faria Júnior foi trabalhar na Presidência da República, em 2019, sua mulher, a economista Vanessa Lima, também passou a dar expediente no Planalto. Ela foi transferida do Ministério de Desenvolvimento Regional, onde trabalhava, para a Secretaria Geral da Presidência da República. Na ocasião, Jorge Oliveira, atual ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), era o titular da pasta.
Vanessa Lima também é servidora pública de carreira desde 2006, mas não tinha sido lotada nos ministérios mais próximos à Presidência até aquele momento. Hoje, ela é secretária-executiva da Secretaria Geral da Presidência, a número 2 da pasta, cujo ministro é Luiz Eduardo Ramos. O salário de Vanessa Lima é de R$ 20.900 neste cargo.
Faria Júnior chegou ao núcleo mais próximo de Jair Bolsonaro por intermédio de dois homens de confiança do presidente. Um deles é o ministro do TCU Jorge Oliveira e o outro é Pedro Cesar Sousa, ex-assessor de Bolsonaro na Câmara dos Deputados e ex-chefe de gabinete do presidente até o fim de 2020.
Sousa agora é o subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência, primeiro cargo ocupado por Jorge Oliveira no governo.
Casal obteve cargos em conselhos
Além dos cargos no Planalto, o casal conseguiu obter, pelo menos, três postos em conselhos de empresas públicas. Desde maio de 2019, Faria Júnior integra o conselho de Itaipu, pelo qual recebe R$ 34 mil brutos todo mês.
Já Vanessa Lima possui assento no Conselho Fiscal da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). Lá, recebe R$ 3.580 mensalmente. Ela se tornou conselheira em julho de 2019, mesma época em que foi para a Secretaria-Geral da Presidência.
Em outubro do ano passado, ela entrou ainda para o Conselho Fiscal da Emgea (Empresa Gestora de Ativos). Lá, recebe mais R$ 4.400 por mês. Ao todo, recebe mais R$ 8 mil todos os meses, além do salário no Planalto.
Vizinhos esperam nova construção
Dois anos depois da ascensão no governo Bolsonaro, o casal comprou, em 25 de março deste ano, um terreno de 1.300 metros quadrados no Lago Sul, em Brasília, área nobre da capital federal. A aquisição do terreno saiu por um total de R$ 2,15 milhões.
Dentro do imóvel há uma casa simples, com janelas venezianas e portas de metal. Vizinhos afirmaram ao UOL que houve movimento de trabalhadores se preparando para fazer uma construção no local.
Para adquirir o imóvel, Faria Júnior e Vanessa Lima deram uma entrada de R$ 430 mil. Financiaram mais R$ 1,72 milhão na CEF (Caixa Econômica Federal) em 360 prestações de R$ 12 mil. A taxa de juros ficou por 4,75% ao ano.
Antes disso, a única propriedade em nome de Célio Faria Júnior era uma casa na região administrativa do Guará, a 23 quilômetros do novo terreno adquirido por ele no Lago Sul de Brasília.
Servidor busca reserva por causa de proximidade com presidente
Na tarde de segunda-feira (20), Célio Faria Júnior estava em sua casa, no Guará I, em Brasília, a 17 quilômetros do Palácio do Planalto, um trajeto de cerca de 24 minutos de carro ou uma hora de ônibus. É uma região de classe média na capital.
Faria Júnior estava na garagem, atrás do portão de grades brancas. Ele e uma mulher de cabelos claros e lisos brincavam com um cachorro. O UOL o encontrou num dia em que céu ora abria ora fechava para pancadas de chuvas típicas da chegada do verão.
O chefe de gabinete do presidente Jair Bolsonaro (PL) contou que evita falar de sua atuação profissional e mesmo particular. "Eu procuro ter minha vida bem reservada", explicou Faria Júnior.
"Não gosto de me envolver nada com o público até porque estou muito próximo do presidente, para não chamar muito a atenção."
Faria disse que sua renda vem de atividades no setor público. Ele contou que, com as economias acumuladas e herança de família, conseguiu dar a entrada de R$ 430 mil no terreno com a casa. Os rendimentos declarados à Caixa são maiores que os R$ 39 mil mensais permitidos pela lei porque ele recebe valores como conselheiro de estatal.
Essas verbas não entram na conta do teto salarial de políticos, autoridades e servidores. Em 2019, o governo de Jair Bolsonaro gastou quase R$ 18 milhões com os chamados "jetons" de estatais. Alguns funcionários do Executivo ganhavam R$ 74 mil, bem mais que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Faria Júnior destacou que a renda declarada para obter o empréstimo incluiu os rendimentos dele e de sua esposa, Vanessa Lima, que é servidora pública concursada.
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