A Polícia Federal investiga, pela segunda vez, as ameaças recebidas pelo órgão desde que o mesmo aprovou vacina para crianças de 5 a 11 anos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já recebeu mais de 150 e-mails com ameaças aos diretores e servidores do órgão, desde sexta-feira (17/12). Endossados pelo discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL), os suspeitos adotaram a prática pela aprovação da aplicação da vacina contra a Covid-19, em crianças de 5 a 11 anos.
Incluindo intimidações como “último aviso”, “[você] pagará nos planos espirituais” e o tradicional apelido de “comunista”, as pessoas comentavam sobre a vacinação de crianças. Veja o tom das ameaças recebidas pela Anvisa, às quais a Folha de S. Paulo teve acesso:
A Polícia Federal investiga os casos de ameaça sofridos por servidores e diretores da agência. Após o anúncio da aprovação do imunizante para as crianças, na semana passada, Bolsonaro afirmou que tornaria públicos os nomes dos diretores e técnicos responsáveis pela aprovação da vacinação para a faixa etária.
“A Anvisa não está subordinada a mim. Deixar bem claro isso. Não interfiro lá. Eu pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas, para que todo mundo tome conhecimento e, obviamente, forme o seu juízo”, afirmou, em transmissão ao vivo nas redes sociais.
Depois da fala de Bolsonaro, a agência reagiu aos comentários do presidente e divulgou nota na qual diz “repudiar e repelir com veemência qualquer ameaça explícita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias” do órgão.
Após as novas ameaças de morte, a PF abriu outra investigação. O superintendente da PF do Distrito Federal declarou que já recebeu as informações sobre o caso e trabalha na identificação dos responsáveis.
Investigação concluída
Assim que a Anvisa começou a discutir sobre vacinar crianças, pais de crianças na faixa etária estipulada começaram a enviar e-mail à agência. Um primeiro inquérito da Polícia Federal aberto em outubro e concluído em novembro identificou o paranaense Douglas Bozza como autor de alguns e-mails.
Nas ameaças, o homem dizia que acabaria com a vida de quem “atentasse contra vida de seu filho”, em relação à obrigatoriedade da vacinação de crianças, caso fosse aprovada, à época.
“Por identificar uma ameaça contra a saúde e integridade do meu filho nestas vacinas experimentais, sejam o que forem (sic), estou tomando a difícil atitude de retirá-lo do ambiente escolar”, dizia a mensagem enviada. Deixando bem claro para os responsáveis de cima para baixo: quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho, será morto”, disse o homem.
Nesta terça-feira (21/12), a Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF) ofereceu à Justiça, uma denúncia de crime de ameaça contra o acusado. Agora, após a denúncia da PRDF, cabe à Justiça avaliar se o acusado deve se tornar réu e responder a uma ação penal. A pena para a tificação criminal varia de 1 a 6 meses ou pagamento de multa.
*Com informações do Metrópoles
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