Se pegarmos a declaração do banqueiro André Esteves comemorando que Dilma sofreu um golpe em 2016 como Jango em 1964, a única coisa que se pode discordar é que Dilma, já em 2014, no mesmo dia da vitória que lhe proporcionou a reeleição, começou a ser vítima da mais infame e cruel campanha contra uma mulher nesse país.
Mas não só isso. Havia, como há, muito de misoginia nos ataques à Dilma, mas sobretudo, como a própria disse, os ataques tinham o objetivo de atingir o projeto político e a intenção de jogar ao chão e, se possível, passar do chão, todos os avanços adquiridos pela sociedade durante os governos do PT.
Não foi sem motivos que a mídia, silenciosamente, comemorou o fim dos programas, Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida e, agora, o Bolsa Família. Todas essas notícias foram dadas no rodapé em um canto qualquer dos jornalões.
Para
entender melhor isso, é preciso restabelecer a verdade, e a verdade é
que jamais o PSDB, que é, mesmo falido, o grande representante da
direita mais agressiva do Brasil e, por isso, serrou fileiras com
Bolsonaro na hora de decidir entre o fascismo e a democracia, expondo
bem o seu caráter tão fascista quanto Bolsonaro, com um adendo, um
caráter mais ardiloso, frio e calculista.
O PSDB criou no Brasil o fascismo cordial, o golpismo democrático, a bandalha de salão, o racismo chique e a ignorância culta.
Dito
isso, vamos a um exemplo prático do começo dessa onda antipetista na
mídia. Era o início do governo Lula e os tucanos estavam mais do que
atônitos, afônicos, apopléticos, sem saber como fazer oposição ao
governo Lula. Isso provocava baforadas de ódio na mídia, que todos
sabem, é hegemonicamente tucana até hoje.
Pois bem, bastou uma
entrevista de José Dirceu ao programa Canal Livre, na Band, expondo um
projeto de país que o PT tentaria alcançar com metas extremamente
ousadas do ponto de vista econômico e social, para o rebuliço e
gritaria se transformar na vedete em garrafais dos jornalões, “o PT tem
um projeto de poder”.
Esse era o crime que os ouvidos do colunismo
de banco que, consequentemente é o mesmo do PSDB, quis colocar na cruz e
se aparvalhou com ar de quem estava protegendo a democracia contra o
tal “projeto de poder”, segundo a mídia, criminoso que o PT pretendia
manter para construir uma hegemonia de esquerda no Brasil.
O
tempo que Dirceu havia se referido, era de 20 anos para zerar o deficit
habitacional no país, erradicar a fome, a miséria e a evasão escolar,
mas principalmente, com um projeto de soberania nacional que daria ao
Brasil condições de concretizar o sonho de redução da desigualdade e,
por consequência, a segregação social que o país vivia até então.
O frenesi na mídia foi instantâneo, quase automático. A cara dos entrevistadores denunciava isso, sobretudo a de Mitre.
No dia seguinte, começa uma campanha antipetista totalmente inócua a partir desse tal projeto de poder do PT.
Então,
vem as perguntas, qual partido no planeta não tem um projeto de poder?
Há quantas décadas os tucanos governam o estado de São Paulo produzindo a
trágica marca de capital da América Latina com maior número de
moradores de rua?
Alguém já viu ao menos um mísero comentário
sapecado na mídia sobre o tucanistão eternizado na maior cidade do país e
aonde se concentra o grosso do PIB nacional?
Se não tivéssemos uma mídia controlada por meia dúzia de famílias da oligarquia, a própria pluralidade das redações trataria essa tentativa de sentenciar um projeto de poder como criminoso, como uma comediazinha de algum chefe de redação que quis agradar o patrão.
E foi assim que, sorrateiramente, confabulando silenciosamente com os próprios políticos do PSDB, que a mídia iniciou, a partir dos descaminhos do que se espera de uma imprensa séria, a campanha mais sórdida de ódio não só contra o PT, mas contra os programas sociais, contra os pobres, contra as empregadas domésticas, contra os negros e, claro, contra o Bolsa Família que reduziu drasticamente a miséria e a fome no Brasil, erradicando a mortalidade infantil.
O fato é que a mídia tucana não se conforma de ver que o povo brasileiro fechou a porta na cara dos tucanos depois do desastre hecatômbico dos oito anos de governo FHC , porque a própria mídia vende o projeto tucano que hoje é seguido por Paulo Guedes e os tecnocratas neoliberais que colapsaram a economia brasileira e está custando caríssimo para a mesa dos brasileiros, sobretudo para os mais pobres, enquanto os banqueiros nunca viram tanto lucro e puderam roubar tanto os seus próprios correntistas com taxas de serviços pornográficos.
Mas não se enganem, a mídia apoiará em 2022 qualquer candidato contra Lula, inclusive Bolsonaro. Lula voltando ao poder, a mídia repetirá a mesma tática de ataques ao Partido dos Trabalhadores e seu projeto voltado para as camadas mais pobres da população.
Isso exigirá de todos os que têm um mínimo de decência uma tenacidade vigilante para que as respostas da sociedade contra esse jogo sórdido da mídia se transforme numa onda que sobreponha a dos barões da comunicação, carregada de falsidade e interesses não confessáveis.
*Carlos Henrique Machado Freitas
Apoie o Blog O Repuxo. Precisamos de você
Qualquer valor é de grande ajuda
PIX: 45013993768
Agradecemos a sua contribuição
Comentários
Postar um comentário